Trela boa!

O que acontece quando uma artista plástica resolve fazer por conta própria toda a decoração do aniversário da filha de 3 anos (incluindo pratos, copos e toalhas) porque não havia encontrado no mercado nada que fugisse do combo temático de princesas e personagens de desenhos? Ela põe mãos à obra e cria uma original e apaixonante marca que, além de tirar do lugar-comum as festas de aniversário, inspira qualquer um a chamar os amigos para um piquenique, um almoço no quintal…

Marina Mendonça é figura conhecida na cena artística de Pernambuco: ela cria belíssimas esculturas de parede em cerâmica e couro, brincando com formas características do Nordeste, em especial do sertão. Hoje, divide seu tempo entre as esculturas e a Olha a Trela, que há 5 anos reinventa o mercado de festas infantis com produtos sustentáveis e feitos à mão, pequenas obras de arte com estampas autorais. “A Trela nasceu da vontade de fazer diferente, da possibilidade de criar produtos com alegria e liberdade”, diz Marina.

Não era apenas a estética que a incomodava nas festinhas, mas o uso de materiais nada sustentáveis. A pernambucana foi então atrás de pratos, talheres e copos biodegradáveis, feitos de materiais como folha de palmeira, madeira e papel kraft. “Queria uma alternativa para ter menos plástico nas festinhas e mostrar às novas gerações que podemos fazer diferente”. Ela mesmo pinta as toalhas, copos e canudos de papel e bandeirolas – o traço da artista, divertido sem ser bobo, faz a gente ter vontade de sair espalhando seus produtos pela casa inteira. A ideia é mesmo esta: as toalhas de algodão podem e devem ser usadas muitas vezes, e os copos tem estrutura de papel reforçado, para que possam ser reutilizados também.

A relação de Marina com a arte engajada “vem de berço”. Ela cresceu cercada de artistas ativistas nas lutas políticas e desafios sociais do país: seu pai, Roberto Lucio, é artista plástico conhecido não só pelas belas e fortes telas, mas também por ser um dos fundadores do bloco “Eu Acho é Pouco”, marco do Carnaval militante de Olinda. Marina, que sempre foi muito próxima do pai, o acompanhava nas andanças pelo mundo, como tradutora oficial. “Idiomas nunca foram o forte dele, então eu ia junto nas exposições”.

Certa vez, em uma entrevista, Roberto Lucio afirmou que, até para tomar vinho, escolhia a taça mais bonita que houvesse! O senso estético que se estende das telas para os pequenos atos triviais do dia a dia foi uma herança que o pai passou para a filha. A sensibilidade de Marina para elevar “louças descartáveis” ao status de peças de arte é a maior prova disso.

A Olha Trela tem cinco linhas fixas temáticas: Flora, Mar, Respiro, Floresta, Piquenique e Bailinho. A boa notícia é que, durante a pandemia, Marina expandiu a marca e passou a criar também jogos americanos e peças para usar no dia a dia, sempre com estampas pintadas à mão e materiais ecológicos. Navegue pelo feed do Olha Trela, inspire-se e resista se for capaz: a vontade que dá é organizar imediatamente uma reunião com amigos no gramado de casa, do parque ou até no play do prédio!

@OlhaATrela