Imagine ter suas louças compradas por Brad Pitt ou uma roupa vendida para a bela e talentosa atriz hollywoodiana Uma Thurman? Parece algo bem improvável de acontecer com designers ou estilistas brasileiros que não pertencem a nenhum grande grupo, mas foi exatamente isso que aconteceu com as irmãs alagoanas Ana Maria e Rosa Piatti, donas da marca Maia Piatti. Com um currículo de sucesso, a história de ambas é marcada por muito trabalho, entrega e amor pelo mundo das artes.

Ana e Rosa são filhas da pernambucana Zelia Maia Nobre, uma pioneira na arquitetura modernista no Nordeste, que faleceu em maio de 2023 aos 94 anos. À frente do seu tempo, enfrentou o machismo, se formou em uma sala com 50 homens em Pernambuco e depois fundou, com muita luta, o curso de arquitetura na Universidade Federal de Alagoas.

“Acompanhei a minha mãe em tudo, em todas as viagens, porque ela não queria me deixar com a babá. Esse fato de acompanhá-la — depois a Ana também começou a ir junto — fez com que a gente tivesse um olhar muito aguçado para a arquitetura. Desde os 3, 4 anos de idade estamos vivemos dentro do mundo das artes”, lembra Rosa Piatti.

Não surpreende, portanto, que Rosa tenha seguido os passos da matriarca, entrando para a faculdade de Arquitetura em 1976. Ana, a caçula, foi no mesmo caminho três anos depois.

Mais que a arquitetura propriamente dita, entretanto, o que atraiu as irmãs foi o universo das artes. “Sempre pintei telas e fiz exposições individuais. Em um momento difícil da vida, Ana perdeu o emprego e acabou se dedicando a pintar murais em casas. Um dia, ela fez uma luminária pintada no papel e achamos muito interessante, aquela sensação de que havia um caminho a ser explorado”, conta Rosa.

A partir desse insight, as vidas profissionais das irmãs mudaram para sempre. De 1998 a 2012, elas tocaram a Viver de Arte, marca que produzia objetos de decoração, luminárias e vestidos que pareciam obras dignas de museu de arte moderna.

Participaram de feiras em Curitiba, São Paulo, Milão — onde venceram o prêmio de originalidade —, e também da Maison & Objet, em Paris. Diante do sucesso, encontraram distribuidores nos Estados Unidos e em países europeus. Lojas de museus e Nova York, São Francisco e Chicago, nos EUA, vendiam as cerâmicas e as roupas das irmãs.

O crescimento foi tão rápido, que, quando se deram conta, estavam com 80 funcionários, fora os terceirizados de ONGs. “A gente trabalhava no fundo do quintal. Não tínhamos nada, foi um crescimento totalmente orgânico, sem planejamento, estudo de mercado nem assessoria de imprensa”.

Com a ascensão frenética, Ana Maria e Rosa abriram franquias da Viver de Arte em Maceió, Ribeirão Preto, Brasília, Rio de Janeiro, Austrália e Israel.

O ápice ocorreu em 2009, quando a Warner Bros. entrou em contato para encomendar 700 pratos pintados que haviam visto numa loja de museu. Os itens foram distribuídos como presentes para os atores de Hollywood em uma festa na semana do Oscar, maior premiação do cinema mundial.

Entretanto, a logística de viagens e as dificuldades em profissionalizar a gestão fizeram com que as arquitetas decidissem “dar um tempo”: fecharam todas as franquias e tiraram um ano sabático. Na volta, decidiram abrira Maia Piatti e passaram a produzir roupas pintadas e bordadas à mão personalizadas, em ritmo de slow fashion.

“Hoje, nós produzimos sem pressa. Cada roupa é única e precisamos ter tesão de fazer algo que não se repita. Quem está comprando a nossa peça, está comprando uma tela. Nós duas pintamos tudo. Os bordados nós criamos e desenhamos, mas terceirizamos para pessoas treinadas em executá-los”, conta Rosa.

Ana Maria, com sua pintura cheia de informações e a irmã, com um estilo mais sintetizado, formam o complemento perfeito na hora de criar as peças com detalhes que sobressaem aos olhos dos clientes.

Para encomendar uma peça exclusiva e única, basta entrar em contato com as irmãs pelo WhatsApp da loja/ateliê.