Trazer as artesanais típicas do sertão nordestino, em especial o trabalho com couro, para o cotidiano dos recifenses e, por que não, dos brasileiros. Esse era o desejo de Caroline Dreyer e Rodrigo Cavalcanti quando fundaram, em 2014, a Vitalina. A marca começou comprando calçados feitos por artesãos em Caruaru e revendendo em Recife. Dois anos depois, passou a confeccionar sapatos do zero, com equipe própria, mas sempre em parceria com mestres de diferentes saberes.

A inspiração vem da história, da fauna e da cultura do agreste e do sertão. A coleção “Ô De Casa”, por exemplo, traz referências das fachadas dos casarios dos municípios pernambucanos de Floresta, Gravatá e Triunfo. Já a coleção “Feira”, como diz o nome, é inspirada nos mercados populares de Itambé, Caruaru e Tracunhaém, enquanto a “Pássaros do Sertão” faz um apanhado de espécies típicas do Pajeú e do Cariri.

Um dos best-sellers da é a clássica sandália Franciscana, com tiras horizontais, que na versão da Vitalina ganha cores inusitadas. Outra que deu fama à marca é a Cícera, que possui o solado e a lateral de couro, com trama de crochê na parte de cima.

O nome da marca é uma homenagem a Mestre Vitalino, um dos maiores artistas da história do barro no Brasil, nascido em Caruaru. Mas não só: em Pernambuco, ‘vitalina’ é um termo pejorativo para se referir a mulheres que não casaram. A ideia da marca é ressignificar a expressão, já que suas sandálias são criadas para mulheres independentes.

Ainda que 80% do público seja feminino, a marca é agênero, com grade que vai do 34 ao 44. Outro ponto de diversidade na Vitalina é o de escolha de materiais. Além do couro, incorporam outras matérias-primas e técnicas a partir dos artesãos que conhecem. “Estamos sempre em busca de novos artesãos, até porque cada um tem sua habilidade. Tem um que é melhor na produção de botas, outro de sandália… Vamos mixando esses trabalhos”, conta Carol, a fundadora.

A Vitalina fez uma pausa entre 2022 e 2023, tempo usado para recalcular a rota. Fecharam as lojas nos bairros de Espinheiro e Casa Amarela, em Recife, e a de João Pessoa para focar em e-commerce e em eventos. As duas coleções anuais, com 15 modelos de calçados, também foram substituídas por drops menores com dois ou três lançamentos.

O “comeback” aconteceu agora na Fenearte, maior feira de artesanato da América Latina. No site, o portfólio da marca está completo, e com entrega para todo o país.