A força das tranças para ancestralidade feminina; o banho de alfazema para abrir caminhos; meninos com o cabelo “nevado”. Esses e outros signos que são a cara do Brasil e, especialmente, de Salvador, são temáticas recorrente das obras da artista plástica e designer gráfica Raiana Britto.

Soteropolitana de nascença, cresceu em Feira de Santana, onde a família mora, mas voltou para a capital em 2015 para cursar Arquitetura. Dois anos e cinco semestres depois, a Bahia perdeu uma arquiteta, mas o Brasil ganhou uma artista promissora: Raiana foi aprovada em Artes Plásticas na Universidade Federal da Bahia e largou a primeira graduação. Em 2018, abraçou a arte digital e passou a criar obras que chamaram atenção até do Google.

Explicamos: a baiana foi convidada a criar 17 ilustrações para o museu digital “O Ritmo de Gil”, lançado em 2022 pelo Google Arts & Culture, em parceria com o Instituto Gilberto Gil. “Até hoje não caiu a ficha. Foi uma honra inexplicável representar um artista de tanto peso, renomado e admirado, que vem do mesmo lugar que eu e que ainda é um artista negro. Me deixaram bem livre para criar, sem ditar regras.”

Seus personagens de alma bem baiana e o traço pop estão em murais gigantes espalhados pelo Aeroporto de Salvador e já ilustraram um cenário do “Domingão do Huck”, na TV Globo. Também fez ilustrações para as sandálias Kenner e para a marca de cerveja Itaipava. Em agosto do ano passado, outra grande conquista da aquariana de 27 anos: Raiana foi convidada pela Nike para ilustrar o “Levantamento Sobre a Diversidade no Futebol Brasileiro”, pesquisa elaborada em conjunto pela gigante dos esportes e a CBF.

Raiana hoje navega bem pela arte digital. “No começo tive que me adaptar, mas não tenho do que reclamar: é uma técnica que me dá inúmeras possibilidades de pincéis, texturas, edição e manipulação de uma forma flexível. Misturo desenho com fotografias e com tipografias.”

A artista tem, no Instagram, a sua principal vitrine, mas não deixa que a plataforma dite as regras. “Tenho cuidado para a rede social não aprisionar minha mente com os números, as curtidas e a necessidade de estar sempre se atualizando”, reflete.