Casa maravilha
Casa maravilha
Marca pernambucana de móveis e objetos de design, a Wunderbar – como o nome entrega – começou a ser gestada em Berlim na década passada. A designer Renata Jatobá deixou Recife para trabalhar na Alemanha e, apesar de ser funcionária pública, tinha no garimpo de tecidos seu principal hobby. De volta ao Brasil, em 2014, resolveu transformar esses materiais em peças de decoração e móveis, dando o start para o negócio, que é sua principal atividade desde então.
No ano seguinte à fundação da Wunderbar – a palavra, que significa “maravilhoso” em alemão, se pronuncia “vundebá” –, a irmã de Renata, Camila Jatobá, entrou para o negócio. Arquiteta, trabalhou ativamente na criação da primeira coleção da marca, que desde então já possui no portfólio 15 móveis – que são repaginados a cada lançamento – e 300 estampas, tudo com design autoral e fabricação própria.
Segundo as irmãs, a marca tem “DNA pernambucano e visão cosmopolita”. As coleções, que são lançadas a cada quatro meses, nascem a partir de um conceito criado por Renata e Camila. Já as estampas são fruto de parcerias com outros designers e artistas, todos pernambucanos. São esses desenhos que dão vida e cor a almofadas, jogos americanos e estofados dos móveis da marca.
A coleção mais recente, Avôa, surgiu de uma xilogravura de Gabriela Carvalho e tem desenhos do sanhaçu, pássaro comum em Pernambuco, e da flor de lis, também conhecida como flor do cangaço, por ser comum no semiárido e adornar chapéus e vestes de couro do bando de Lampião.
Também teve a Brasil Profundo, com três estampas criadas pelo designer Guilherme Luigi. Uma trazia o cacto, a outra reverenciava a arquitetura dos vilarejos do sertão e a terceira as estrelas que ornamentavam as vestimentas dos cangaceiros.
O linho foi o tecido escolhido pela Wunderbar para estampar as ilustrações por causa da textura e da durabilidade. Já os móveis são feitos de madeira de jatobá, planta presente também no sobrenome das irmãs Renata e Camila. A veia slow e responsável da marca se faz presente ainda na ideia de transformar os restos de tecido em itens como ecobags; e também na reforma de mobiliários antigos, que ganham “nova cara” com as estampas das coleções mais recentes.
Impossível não falar também que a Wunderbar é uma marca 100% feminina: além de Renata e Camila, tem a Stefany, que é designer de interiores e faz o atendimento; e outras tantas mulheres na parte de confecção, da costura à montagem das peças.
Além do site, que envia para todo o Brasil, a Wunderbar conta com um ateliê que funciona com hora marcada. O espaço fica no Centro do Recife, no Edifício Douro, prédio fundado em 1946 que foi revitalizado em 2019 e se tornou o “Espaço Criadouro”, uma espécie de hub criativo, com ateliês de moda e design, estúdios de tatuagem e etc.
A Wunderbar também participa religiosamente da Fenearte, maior feira de artesanato da América Latina, que acontece todo julho em Recife. Renata brinca que vai para a Fenearte com um caminhão de produtos e volta de bicicleta – sinal da boa aceitação das peças, num ambiente de muita competição.
O sucesso da marca se deve a uma receita que costuma dar certo: produto com propósito, estética autoral e qualidade. A Wunderbar é mesmo “maravilhosa”.