O talento para a tapeçaria de Lu Pessoa de Queiroz vem, literalmente, de família: a pernambucana cresceu cercada pelas tradicionais tapeçarias da Casa Caiada, fundada por sua avó, Maria Digna, em 1966. O projeto era visionário e de responsabilidade social: na época Maria Digna já previa que era necessário tomar providências urgentes para valorizar o trabalho das artesãs rendeiras de Pernambuco, criando peças autorais que pudessem ter maior valor agregado, evitando assim que desistissem de seu ofício.

A Casa Caiada deu mais do que certo, e as tapeçarias de lã bordadas sobre tela da marca viraram uma instituição pernambucana, conhecidas em todo o País, sobretudo as de inspiração floral ou na azulejaria portuguesa. Os tapetes eram feitos em pura lã bordada sobre tela, e na época muitas cores de lã chegaram a ser tingidas com exclusividade para a marca. O trabalho é rebuscado: em cada metro quadrado são bordados cerca de 5.000 pontos Casa Caiada, uma variação do ponto de cruz criada pelas artesãs rendeiras de Maria Digna.

Além do talento hereditário, Luciana Pessoa é formada em Desenho Industrial e possui um senso estético apurado e original. A vontade de modernizar o legado da avó veio naturalmente e aconteceu de forma responsável, com o verdadeiro objetivo de criar algo novo sem esquecer das raízes e da referência original.

Em séries limitadas a cem, as coleções lançadas até agora deixam gosto de quero mais! São quadros e arranjos de parede, para serem combinados em série ou individualmente, com temática feminista e poética. “Minha avó não fazia só florais e azulejaria. Havia motivos geométricos moderníssimos, mas não tão conhecidos”, explica Lu, que pretende em breve lançar também bolsas e mobiliário de tapeçaria — não vemos a hora!

@ElipeTapecaria

Fotos: Divulgação/Luciana Pessoa de Queiroz