Guardanapos bordados à mão na Ilha da Madeira que se transformam em delicados tops; lençóis de linho e toalhas de mesa que viram vestidos; e panos de prato com motivos alpinos que se transformam em camisas oversized. A mágica citada acontece diariamente no ateliê de Luciana Bortowski, no Capão, vila perdida no tempo na Chapada Diamantina (BA).

Depois de cinco anos trabalhando com Fernanda Yamamoto, onde entrou como estagiária e saiu estilista, Luciana trocou São Paulo pela Chapada durante a pandemia. Foi junto com o namorado baiano, que trabalhava com cinema na capital paulista, mas decidiu viajar para o Capão de bicicleta e por lá ficou.

A paulistana ainda trabalhou 9 meses para Yamamoto à distância, mas no fim de 2020, quando a volta ao trabalho presencial estava sendo ensaiada, decidiu que queria ficar no Capão. Tirou um sabático mais que produtivo: estudou sobre desenvolvimento sustentável, materiais e economia circular. Teve contato com bio-construção e sistemas agroflorestais. Foi atrás de suas raízes para chegar na essência.

Em 2022 construiu seu ateliê nos fundos da casa onde vive hoje e lançou a marca Luci Bortowski. A primeira coleção nasceu do resgate tecidos e roupas de sua avó, Cecília, maior referência fashion em sua formação. A estilista publicou as fotos que o marido tirava e ela modelava no Instagram da marca  e logo veio o convite para uma collab com a paulistana Le Soleil D’Été, em outubro passado, feita com tecidos antigos que vinha garimpando e retalhos remanescentes de outras coleções da Le Soleil.

“Busco novas formas de criar e viver em harmonia com a natureza. Enxergo resíduos como matéria-prima e, através de técnicas de upcycling, prolongo o ciclo de vida desses tecidos, ajudando na construção de uma cultura regenerativa”, defende.

Sempre em coleções cápsula, Luci apresenta peças únicas, criadas através do reaproveitamento de materiais cuidadosamente selecionados e cheios de memórias, que ganham nova vida ao se transformarem em peças contemporâneas que nos fazem viajar em sua história e na delicadeza do trabalho manual.