“Quero mostrar o poder do cuscuz, mostrar que não é um prato menor, que não mereça estar em restaurante”. Essa é a missão da chef Irina Cordeiro, potiguar que ficou conhecida nacionalmente por ser finalista da segunda edição do Masterchef Brasil, em 2017. Formada em Gastronomia pela Universidade Potiguar, unindo a experiência de mais de 20 anos nas cozinhas e dando consultoria de negócios entre Natal, João Pessoa e Recife, Irina firma ponto em São Paulo com o Cuscuz da Irina, restaurante que se baseia no tradicional prato feito à base de milho, instalado em uma charmosa casa no número 47 da Rua Iperó, na Vila Madalena. 

Funcionando em esquema soft opening desde 8 de julho, o Cuscuz da Irina já se tornou ponto de referência gastronômica na região. Nas redes sociais, muitos são os comentários positivos em torno do mix de opções criativas para trazer o cuscuz como protagonista – inclusive com edições veganas e vegetarianas.

“Esse é um projeto antigo. Sempre foi um desejo, uma certeza. Assim que a pandemia deu uma baixa, começamos a capitalizar e colocar o negócio em pé. O cuscuz foi o prato mais presente na minha vida, assim como na de muitos nordestinos. O milho está de norte ao sul do país, mas é como se ele fosse um alimento velado, de pobre, que não merecesse estar em um restaurante. A ideia do meu restaurante é trazer o cuscuz simples, como o de casa, mas dentro de um ambiente aconchegante. É um cuscuz, mas tem valor”, diz. 

Irina também resgata para o cardápio outras memórias alimentares afetivas, lembranças de quando morava na Zona Norte de Natal. Exemplo disso é o Risotinho de Bolacha, nada mais que bolacha molhada no leite, hábito muito tradicional nas casas do interior do Nordeste. “É uma comida que me abraça, tinha que estar no menu.” 

Engana-se quem pensa que o restaurante se vale de símbolos caricatos da região para criar sua ambientação. “Aqui o Nordeste é rico, alegre e colorido – da produção visual até a execução dos pratos. Temos que sair desse lugar de seca, cacto e fome. Quero que as pessoas vejam vida no Nordeste”, pontua Irina.

Como uma forma de reparação histórica e também para fomentar a economia regional, a chef busca comprar todos os insumos diretamente de produtores nordestinos, à exceção da carne de sol, que fabrica como aprendeu com a avó. 

Uma outra preocupação de Irina é ter uma equipe bastante diversa, e que receba os devidos cuidados para aguentar o tranco pesado da vida num restaurante. Por isso, o funcionamento vai de segunda a sábado, das 9h às 17h, sem reserva – o domingo é dia de folga para todo o time. 

“Trabalhei muito tempo nas cozinhas, e sei como é uma jornada árdua, braçal mesmo. Ao abrir meu próprio restaurante quis adotar medidas que para mim faziam toda a diferença quando trabalhava para os outros. Folga na segunda, como é praxe, me fazia sentir indiferente, como se não pertencesse à sociedade, que aproveitava o descanso do final de semana”, explica. 

E qual prato Irina indica? “Todos! Não dá pra vir só uma vez. Como eu vou escolher entre cuscuz com ovo, galinha, carne de sol na nata ou peixe frito?” Então é melhor ir sem pressa, para aproveitar esse pedacinho do Nordeste em São Paulo! 

Cuscuz da Irina: Rua Iperó, 47, Vila Madalena, SP. Aberto das 9h às 17h, de segunda a sábado.