A arte cooperar
A arte cooperar
Já ouviu falar em cerveja de umbu? Em bala de licuri? Esses são alguns dos best-sellers da Compre Coop, uma organização que reúne cerca de 80 produtos, fabricados por mais de 20 cooperativas baianas, adeptas do manejo sustentável do solo e de práticas orgânicas na plantação.
Geleias, doces, licores, farinhas, chocolate e até cerveja, tudo feito artesanalmente por famílias de agricultores espalhados pela Bahia, ganham embalagens sofisticadas e, com essa ajuda, estão conquistando gôndolas de supermercados e de empórios em Salvador e Feira de Santana, cidade onde a Compre Coop nasceu.
O projeto começou a ser gestado em 2015, quando Alécio Mascarenhas, baiano de Baixa Grande, voltou de um mestrado em Gestão Cooperativas pela Universidade de Mondragón, na Espanha, maior centro cooperativo do mundo. Desde os 21 anos o administrador de empresas trabalhava com cooperativas, mas o insight de como poderia fazer crescer o mercado consumidor desses pequenos produtores só veio mesmo depois da pós graduação no exterior.
Como consultor da Bahia Produtiva (programa do governo estadual responsável por fortalecer empreendedores de economia solidária, agricultores familiares e comunidades quilombolas), Alécio participou do lançamento da campanha “Compre de uma cooperativa”. O objetivo era sensibilizar a população a fazer suas compras de pequenos produtores, não só pelo impacto social gerado, mas porque os produtos eram mais naturais, muitos deles orgânicos.
A campanha teria sido sucesso, não fosse um “probleminha”: as pessoas queriam comprar de cooperativas, mas não sabiam onde encontrar. A solução foi criar a Compre Coop, em 2018, microempresa especializada na distribuição de produtos de associações e cooperativas de agricultura familiar. “Nossa missão não é apenas vender produtos, mas levar a história desses agricultores até a mesa do consumidor. Sempre mostramos de onde vêm cada item e quantas famílias são impactadas.”
A jornada tem atraído bons resultados. Atualmente, há gôndolas exclusivas em oito mercado de grande, médio e pequeno porte, e as venda também são feitas para outros estados através das redes sociais ou pelo site. “Estamos crescendo e as pessoas querem levar para outros locais. O grande desafio não é colocar os itens dentro dos mercados, mas torná-los conhecidos”, revela Alécio.
Entre os diversos produtos orgânicos que oferecem, o doce de umbu e as balinhas de licuri fazem sucesso entre os clientes. As duas matérias-primas são típicas da região e um símbolo da caatinga. “São dois exemplos emblemáticos de como as iguarias e sabores da nossa terra, não levam apenas qualidade, mas sabor e sofisticação para a mesa, além de ajudar a preservar o meio ambiente”.
Para que os produtos sejam sempre símbolo de qualidade e sustentabilidade, reuniões mensais são realizadas com os cooperativistas para que fiquem cientes dos questionamentos e sugestões dos clientes. “Cada uma se dedicou e se especializou em uma linha de produtos e tornou-se o melhor no ramo”, afirma. Para além das linhas que cercam o estado da Bahia, Alécio Mascarenhas deseja ver a Compre Coop alcançar novos lugares. Alagoas é o seu próximo destino.