Em Nova York: The Row, Donna Karen, Yigal Azrouel. No Brasil: Le Lis Blanc, Patricia Bonaldi, Animale. O currículo de Sue Ribeiro parece um sonho para milhares de aspirantes a estilista. A baiana de 43 anos sabe disso e guarda com carinho memórias como a preparação para a New York Fashion Week ou a chance de trabalhar – e em alguns casos bem de perto – com nomes de tanto peso na moda nacional e mundial.

Mas nada faz seus olhos brilharem tanto quanto uma fileira de cabides onde biquínis, maiôs, cangas e camisas repousam numa sala no prédio mais charmoso do Rio Vermelho (o mesmo onde ficam as lojas da Miranda Estúdio e da Soul Dila, amigas de longa data do NORDESTESSE). É lá que funciona o ateliê-loja da Sue, a marca de moda praia que lançou há pouco mais de um ano e sonho que carregava desde que decidiu trabalhar com moda, mais de 20 anos atrás.

Criada entre Salvador e Recife, Sue sempre quis estudar moda, mas se a carreira de estilista ainda é vista como insegura hoje, imagina lá atrás. O pai era economista e, para agradar à família, fez faculdade de Administração – ganhando bagagem importante em sua trajetória fashion mais tarde, vocês vão ver.

Formada, negociou fazer pós graduação em moda na tradicional Faculdade Santa Marcelina, em São Paulo, desde que se sustentasse trabalhando em empresas de auditoria – outra bagagem importante. Quando acabou o curso, apresentou ao pai uma carta de aceitação na Parsons, nome de peso na área em Nova York, e uma planilha com quanto gastaria nos anos de estudo fora e como pretendia pagar.

O primeiro trabalho pago n’A Grande Maçã – como é chamada a cidade – foi como designer gráfica na Donna Karan. “Fazia convites, catálogos”, lembra. Apesar de sempre ter tido o desejo de abraçar a moda praia, terminou construindo sua carreira trabalhando justamente para estilistas especializados em vestidos de festa, como o israelense Yigal e Joy Cioci.

Quando surgiu a proposta para trabalhar na The Row, das incensadas irmãs Olsen, Sue achou que tinha chegado ao céu – mas a experiência era mais parecida com o inferno. “O diretor de produção era tirano e caótico.” Ficou cinco meses e decidiu voltar ao Brasil.

Boa de planilhas e números, Sue especializou-se em produção, habilidade essencial (e escassa) no mercado de moda, e que lhe garantiu emprego em gigantes nacionais como a Le Lis Blanc e Patricia Bonaldi – para quem continua trabalhando, dividindo o tempo com a Sue.

Ao contrário do ritmo frenético de seus anos em Nova York, tudo na marca própria é slow. A primeira coleção, lançada em janeiro de 2022, continua nas araras e fez sucesso graças aos biquínis com sutiãs de franja, maiôs que vão da praia ao clube, e uma delicada estampa de orixás. A próxima, será lançada em maio, em cápsulas, e traz duas novas estampas e versões das modelagens que lhe deram fama. A gente recomenda!