Durante a pandemia, muita gente investiu em hobbies que não vingaram – quem não tentou assar pães ou fazer uma mini-horta em casa? Mas toda regra tem sua exceção e a história do designer gráfico pernambucano Guilherme Lira, 31, é uma delas. Trancado em casa, decidiu aperfeiçoar-se na arte da cerâmica para desopilar a cabeça das horas contínuas passadas na frente do computador. Nascia assim, em 2020, a Ceramiquinho, marca que transforma argila em “bibelôs brasileiros”.

À época, Guilherme morava em São Paulo e dedicava boa parte de seu tempo ao design de livros infantis. A experimentação com a cerâmica começou sem pretensão alguma. A argila era moldada em casa e enviada para um ateliê para que fosse feito o processo da queima. Quando a peça voltava, era a hora de começar a pintura. “A Ceramiquinho nasceu como uma forma do meu trabalho de ilustração ganhar o mundo 3D”, lembra o recifense.

De volta a Recife e com a marca consolidada, Guilherme montou um ateliê com um forno próprio. Até hoje, as peças da Ceramiquinho são 100% artesanais – “depende tudo dessas mãozinhas aqui”, brinca o designer mostrando as mãos. O Brasil, o Nordeste e, principalmente, Pernambuco, são fontes de inspiração, além do Carnaval e da fauna brasileira. Já a paleta de cores saturada e viva de suas ilustrações também se faz presente nas peças de argila.

O designer lembra que, durante o curso de Design na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), fugia das disciplinas voltadas para a área de produtos, uma vez que a ilustração sempre foi sua paixão. Mas o produto é justamente o foco do seu trabalho na Ceramiquinho. No portfólio da marca, é possível encontrar itens decorativos como vasos, pratos e até máscaras de parede; e “arca” de Guilherme Lira também é diversa: tem onça pintada, boto cor-de-rosa, jacaré e tucano.

No ateliê, Guilherme conta com a ajuda de uma pessoa para a pintura de base das peças, mas os animais ganham vida – e muita cor! – em suas mãos. Além disso, também fica por sua conta a comunicação e as vendas da marca. A Ceramiquinho, porém, não para de crescer. Esteve presente na Feira na Rosenbaum, em março, como parte da programação da DW! Semana de Design de São Paulo, principal evento do setor no Brasil.

Em julho, também vai participar da 23ª edição da Fenearte, a Feira Nacional de Negócios do Artesanato. O tradicional, que ocorre em Pernambuco, é um dos mais aguardados pelos artistas do Estado e de todo o país – funciona como uma vitrine e um hub de tendências. “Era meu sonho participar porque desde pequeno ia ao evento para conhecer as peças. Agora vou como artesão”, afirma Guilherme Lira.

Respeitando o próprio tempo, e também o da arte, Guilherme trabalha com pronta- entrega, ou seja, expõe apenas o que já está feito. As peças da Ceramiquinho estão à venda no site, que envia para todo Brasil, e nos eventos pontuais que o designer participa. Por isso, é preciso ficar de olho nas redes do ilustrador e também da marca.