Roupa de fé

As linhas coloridas que bordam casinhas, bichos, santos, orixás e poesias dão assinatura única aos quimonos, blusas e saias da Rezendar, marca sergipana comandada pela paraibana Paloma Mororo, que faz parte da quarta geração de uma família dedicada ao fazer às manualidades.

Com foco nos tecidos naturais como linho, modelagens amplas e confortáveis, as peças narram as histórias e as vivências do sertão através não só dos bordados, mas por pinturas manuais, aplicações em rendas e crochês.

Administradora de formação, Paloma trabalhava numa multinacional e começou a retomar o amor e a curiosidade sobre o fazer manual em 2020, durante a pandemia. Primeiro retomou a prática da pintura que aprendeu com a mãe e que, ao lado dos bordados, é um dos alicerces da Rezendar.

“A marca surgiu inicialmente como uma maneira de resgatar os ensinamentos passados por minha mãe, que faleceu em 2012. A princípio a ideia era apenas produzir peças sob demanda. A partir do segundo semestre de 2022, comecei a pensar em fazer algo comercial, resgatando minhas vivências do sertão nordestino, afinal, nasci em Patos”, conta.

Elementos de sincretismo religioso são presentes nas roupas. Mas nada é por acaso: o nome Rezendar surgiu das lembranças familiares a partir das rezas. “A minha família é de agricultores do sertão paraibano. Então a reza por chuva era algo muito presente em minha memória, assim como a tradição das rezadeiras, habilidosas em curar e afastar mau olhado.”

A Renzendar é uma marca slow, sem pressa, e isso também é visto na sua estrutura. Hoje, além de Paloma, a marca conta com duas costureiras e duas bordadeiras que possuem habilidades também no crochê. Além disso, trabalha eventualmente com artesãs especializadas no bordado filé de Marechal Deodoro, Alagoas, e renda renascença em Poção, Pernambuco.

Gostou? As vendas são feitas através do Instagram da marca e em lojas colaborativas em SP (Casa de Brígida) e na Praia do Francês, em Alagoas (na Feito à Mão).