Recortes da vida

Imagine a sensação de vestir uma peça exclusiva – mas exclusiva mesmo, que só você tem, e não essas jogadas de marketing que aparecem por aí. Imagine usar um chemise, ou jaqueta jeans, ou um quimono que conte a história da sua vida, ou transmita suas crenças e valores. Essa é a arte e o dom de Adriana Meira — e é difícil dizer se a baiana é estilista, artista plástica ou psicanalista. Na verdade, ela é um pouco disso tudo, já que antes de começar a bordar uma peça, entrevista quem a procura para entender o que é importante para cada um.

Com uma sensibilidade única, Adriana utiliza a técnica de aplique bordado para dar significado ao pedido de cada cliente. Pode ser num vestido de casamento ou numa t-shirt, para ela pouco importa. Amantes de animais podem sair com um São Francisco estampado no peito, filhos saudosos do sertão com um mandacaru bordado nas costas da jaqueta jeans. Feitas sob medida, as peças demoram, no mínimo, cerca de 10 dias para ficarem prontas.

Nascida e criada em Brumado, no centro sul da Bahia, na divisa com a Chapada Diamantina, Adriana rodou o país e, há cerca de um ano e meio, no início da pandemia, fechou o ateliê em São Paulo, instalado no próprio apartamento, e retornou à fazenda onde cresceu. No início, pensou que os pedidos ficariam escassos por não estar mais no centro urbano mais importante do país, mas não foi o que aconteceu. Continua atendendo, agora virtualmente, clientes que querem uma roupa com significado, um bordado, arte que ela aprendeu com as avós.

De volta às raízes, Adriana agora pensa em trazer seus clientes para uma imersão na Bahia profunda que é Brumado e adjacências, aproveitando a fazenda de 1838 onde cresceu e onde vive hoje, e que ainda guarda memórias do tempo da escravidão. “Tem tanta riqueza aqui para ser mostrada. Estou adquirindo aos poucos obras de artesãos locais, decorando a casa de meu pai para receber as pessoas, servir um cuscuz, fazer com que conheçam o Nordeste através da arte”, comenta. A gente já está na fila para tomar um café, comer um cuscuz e ganhar uma peça que nos traduza em forma de bordado e arte. Brumado, estamos a caminho!

@AdrianaMeiraAtelier