Sertão central
Sertão central
Pode não parecer óbvio à primeira vista, mas as fotos do editorial ao lado são inspiradas em São Francisco – não no rio, mas no santo que fez voto de pobreza e amava os animais. Lançada há menos de 1 ano, a Patú usa como norte criativo as memórias da infância de Marina Fontanari em Senador Pompeu, no Sertão Central do Ceará. Os tons terrosos que dominam a coleção vêm tanto da paisagem do semiárido quanto das lembranças de seu bisavô, que passava todo o mês de outubro usando o marrom da veste do santo.
Tocada por Marina e por sua mãe, Diana Carla, a Patú tem produção sem pressa, manual, local e com afeto. Pense em peças de tecidos naturais como linho, algodão sustentável e bordados de corda. Os acessórios se destacam por formas inusitadas criadas a partir do jacarandá.
O propósito da Patú é dar visibilidade ao Sertão Central, resgatando a história de resistência do povo sertanejo e mostrando que a região é muito mais que um local de fome e luto. “A gente resgata memórias, cores e sabores do sertão. É o caso do vestido Celestina, inspirado em um pé de tamarindo com mais de 100 anos que existe na casa dos meus avós. Também buscamos homenagear figuras importantes de Senador Pompeu”, diz Marina.
O nome Patú foi escolhido por batizar uma das fazendas favoritas que pertenciam ao bisavô de Marina, Francisco de Oliveira, conhecido em seus tempos como Rei do Algodão, onde fica a histórica barragem de mesmo nome, marco do movimento de levar água para o sertão.
“Mesmo tendo crescido lá com minha família em meio a fazendas, eu não conhecia toda a região. A que o meu bisavô mais gostava era a Fazenda do Patú. Parte dessa fazenda foi desapropriada para a construção da barragem, coisa que meu bisavô mais se orgulhava por estar levando água para o Sertão Central”, afirma.
A marca é toda produzida no Ceará e utiliza bordadeiras de Senador Pompeu, como é o caso de Meirinha, que está na equipe desde a primeira peça piloto.
“Nem que a gente diminua a produtividade por conta do trabalho manual, procuramos focar nela porque queremos tornar a peça mais singular, onde contamos nossa história com carinho. Eu cresci vendo minha bisavó sendo bordadeira. Somos uma marca de vó, mas da maneira da Patú”, finaliza Marina.
Após se destacar nos festivais NORDESTESSE em São Paulo e Brasília, ganhar notoriedade nacional em publicações como Vogue, ELLE e Harper’s Bazaar, a Patú agora tem ponto físico em Fortaleza, na Rua Antônio Augusto, 819, Meireles. E vendas online para todo o Brasil, claro!