Palha, crochê, tapeçaria, miçangas, patchwork, pedras naturais, couro… Ao longo de 25 anos, é difícil dizer quais materiais ou técnicas ainda não foram usados pela baiana Irá Salles em sua marca homônima. Irá foi pioneira e visionária ao trazer técnicas artesanais e matérias-primas típicas do Nordeste para desenvolver produtos contemporâneos, cosmopolitas e autorais.

Formada em Comunicação e apaixonada por moda, Ira sabia que seu caminho era visual. “Minha relação com a moda vem desde criança. Fui muito influenciada pela minha avó, que gostava de brincar com o próprio estilo, sem medo de usar e ousar.” Decidiu passar uma temporada em Nova York, onde estudou na prestigiada Parsons School of Design.

Lá trabalhou com a estilista venezuelana Carolina Herrera e percebeu que havia espaço para culturas diferentes no mercado global. Em 1999, lançou a marca que leva seu nome. “Queria fazer uma coisa no Brasil, com cara de Brasil, para vender fora. O meu diferencial era – e continua sendo – criar bolsas com que mostram nosso trabalho artesanal, mas com um ar contemporâneo e bem colorido.”

O ateliê da marca fica em Salvador até hoje, mesmo com as exportações e as duas lojas no Sudeste – uma no Rio e outra em São Paulo. Só no ateliê são 15 funcionários, mas a marca emprega mais de 60 artesãos de forma indireta. Cada item é desenvolvido um a um e com materiais sustentáveis, adquiridos de fornecedores certificados – Irá Salles é a primeira marca baiana a assinar o Pacto Global da ONU, adotando políticas de sustentabilidade, trabalho justo e boa governança.

Por isso, viaja não só pela Bahia, mas também para estados como Maranhão, Alagoas e Minas Gerais para conhecer grupos de artesãs e entender como a parceira pode ajudar a preservar tradições locais e a gerar renda. “A marca leva meu nome. Eu tenho um compromisso não só comigo mesma, mas com os meus clientes e com todos os fornecedores da cadeia.”

A designer gosta de reforçar que, em baixo de “Irá Salles”, o nome da marca já traz o nome do seu estado natal. “Eu sempre quis apresentar a Bahia e a sua identidade dentro da moda para que as peças ficassem atreladas à nossa cultura”. E deu mais do que certo!