Filtros de barro, paredes, bandeirolas, vasos de plantas, telas e até mesmo canecas de ágata usadas para tomar café são alguns dos suportes que Lola Pinto utiliza para fazer arte. Democrática, se recusa a eleger uma única superfície como sua favorita. “Sou uma artista experimentalista. Gosto de mesclar técnicas, e para mim é muito importante estar sempre testando novos suportes.”

Não importa onde, o traço de Lola é facilmente reconhecível, sobretudo para quem conhece João Pessoa, sua maior fonte de inspiração. Sua marca registrada são o uso das cores naturais do mar, falésias e areia e as linhas inspiradas no relevo e arquitetura da capital da Paraíba. “Não escolho uma superfície, eu me apaixono por ela. Fico debruçada durante meses, preciso entender, estudar, me conectar com pessoas que trabalham com cada um dos novos suportes que vou testando.”

Nascida em Brasília, Lola mudou-se ainda criança para João Pessoa. Desde cedo gostava de pintar, experimentando múltiplas superfícies, como faz até hoje. “Cresci numa família artística, meu pai era músico e minha mãe, gestora cultural. Estudei em escola construtivista, de certa forma sempre soube que trabalharia com arte.”

Antes de abraçar a pintura e se lançar como artista independente, Lola trabalhou muito tempo como professora – ensinou em escolas privadas, era “oficineira” (de arte urbana e estêncil) e também ensinou a adolescentes que cumpriam medidas socioeducativas. Tudo isso enquanto lapidava seu estilo e tentava encontrar sua “voz”.

Isso aconteceu quando estava prestes a completar 30 anos, em 2019. “Para um artista visual, descobrir sua linha e assinatura é um marco muito importante. É quando você define seu estilo, e as pessoas passam a reconhecer sua arte só de olhar para ela.”

Voz encontrada, Lola resolveu aprimorar-se ainda mais e foi estudar pintura na Escola de Belas Artes de Bordeaux, na França. Ao retornar à Paraíba, em outubro de 2020, apaixonou-se novamente por João Pessoa e decidiu que iria expressar esse amor reproduzindo em suas obras o colorido e as linhas da cidade. Já o diálogo com o artesanato e a cultura regional aparecem na escolha de suportes como os filtros de barro e as canecas de ágata.

Em eterno processo de pesquisa e aprendizado, Lola segue pensando em novos suportes e atualmente está se especializando em tapeçaria e cerâmica. Também é ela que assina a estampa de lançamento do Terroá na Caixa, projeto do @terroabr que reúne ingredientes típicos do Nordeste (como cachaça, queijo de cabra, bolo de rolo) para serem enviados para todo o Brasil.

Lola só cria sob encomenda, e isso vale para os murais que costuma pintar em casas e estabelecimentos comerciais, e também para os filtros de barro que fazem tanto sucesso em seu perfil no Instragram. Quem quiser encomendar um filtro, tela ou tapeçaria pode entrar em contato pelo @lolapintooo ou enviar um e-mail para lolafpinto@gmail.com. “Sou muito feliz como artista independente. Durante a pandemia, percebi que a vida é muito curta, então me enchi de coragem e mergulhei de cabeça no meu sonho. Não é fácil viver em um país que não estimula cultura e arte, é um ato de resistência, mas não me arrependo da escolha que fiz nem por um minuto”, finaliza.