Culinária “de rua”
Culinária “de rua”
O Dona Mariquita define sua cozinha como “patrimonial” e o adjetivo não poderia ser mais acertado. Localizado no Rio Vermelho, tradicional bairro de Salvador, o restaurante tem como proposta resgatar as comidas típicas regionais servidas nas feiras livres da Bahia. É comida de rua, comida raiz, mas é muito mais: é ancestralidade, viagem, história, resgate e explosão de sabor.
Comandado por Leila Carreiro, o Dona Mariquita é uma verdadeira instituição da comida baiana e é, também, o melhor lugar para comer pratos ancestrais que vão muito além do xinxim e acarajé — ainda que você encontre-os por lá também. “Quando abri o restaurante, 15 anos atrás, a ideia era oferecer comida de feira, mas com a segurança da casa de mãe”, conta Leila, que virou uma grande estudiosa de pratos e ingredientes tradicionais não só do litoral, mas do Recôncavo e da Chapada.
Seja para comer hits da “culinária de feira” como sarapatel, galinha à cabidela, maniçoba ou mocofato; seja para experimentar pratos originais de rituais do candomblé, caso da poqueca — moqueca na folha de bananeira com consistência de pirão — com acaçá — espécie de angu de milho branco; o Mariquita é um deleite a todos os sentidos: olfato, visão e, claro, paladar.
Mas engana-se quem pensa que a culinária de Leila se limita à “comida da pesada”, como ela mesma batizou a parte “feira” do cardápio. Há pratos delicados como a salada de peguari — um marisco típico da Baía de Todos os Santos — com vinagrete de caju ou o catado de palmito de jaca com farofa de tapioca e licuri.
No Mariquita você também vai comer o melhor Arroz de Hauçá da Brasil, prato de origem africana que fez fama pela recorrência que aparece na obra de Jorge Amado. Recorrente também é a citação ao restaurante em qualquer texto ou artigo sobre “lugares para se conhecer em Salvador”. A simplicidade é a riqueza do local, que impressiona pela pureza dos sabores, das combinações, da hospitalidade e do afeto.
Um post recente no Instagram do restaurante pedia que os amigos — clientes é muito impessoal para esse local que abraça — descrevessem o Dona Mariquita em UMA palavra. Não espanta que pouquíssimos conseguiram tal síntese. Definir um lugar rico em só uma palavra seria verdadeiramente impossível. Chama atenção o comentário do @ateliergourmet.ba: “3 palavras: comida com alma”. Nós não poderíamos ter resumido tão bem!
Rua do Meio, 178 – Rio Vermelho, Salvador | Bahia
Fotos: Veronica Rabêlo/Divulgação Dona Mariquita