Foi através das memórias resgatadas de uma infância entre os antiquários que visitava com a sua mãe em Gravatá, cidade turística amada pelos pernambucanos pelo clima serrano, que o designer Breno Galvão achou sua vocação. Até tentou cursar duas faculdades de engenharia, civil e sonora, mas não era ali que estava sua vocação.

Breno queria mesmo era criar, e logo os cálculos deram lugar a projetos de bancos, luminárias, mesas e prateleira do Paipe Estúdio, que tem como inspiração elementos prosaicos da cultura nordestina como canoas. As visitas aos antiquários marcaram seu estilo, com perfume de casa de mãe, mas em releituras ultra clean e contemporâneas.

Breno se tornou designer sem planejar. No meio tempo entre uma faculdade e outra, para se sustentar, começou a fazer entregas de bicicleta numa época em que aplicativos como Uber nem sonhavam em existir. A renda era boa, e Breno acabou criando uma cooperativa de entregadores que focava em pizzas e documentos. Quando se casou, precisou de uma mesa e móveis básicos para a casa, e resolveu se aventurar nos tutoriais da internet para criar sozinho.

“Não me considero autodidata, mas faço algo que é só meu”, afirma ao ser questionado sobre sua formação. Breno se matriculou em cursos livres de marcenaria, e os famosos “do it yourself” lhe trouxeram até aqui.

O pernambucano começou trabalhando com MDF, material muito usado por seu custo-benefício, mas não queria ficar limitado a ele e passou a olhar para madeiras que permitissem a execução de móveis e objetos robustos, mas sempre de pequeno porte. “Mesmo recebendo encomendas para itens maiores, prefiro focar em nossa identidade que cresceu de acordo com o que podíamos fazer em nossa oficina, que é pequena, aqui no Recife.”

Entre suas referências, ele cita mestres do design modernista nacional como Joaquim Tenreiro, Jorge Zalszupin e Sergio Rodrigues, além das recordações dos antiquários da infância e um olhar para a marcenaria japonesa com suas habilidades de criar manual.

Em um momento de ascensão, o Estúdio Paipe vai se consolidando em eventos como a DW! Semana de Design, Feira na Rosenbaum, ambas em São Paulo, e a Fenearte, essa em Recife, levando a criatividade e design pernambucano para o Brasil.