Os objetos ao lado são feitos de potes de amaciante e de shoyu, rolo de papel higiênico e outras embalagens que certamente estão no lixo de sua casa. Difícil acreditar? É que os resíduos se transformam em arte nas mãos da cearense Brenda Guimarães, a partir de uma técnica que tem como base o papel machê.

Fundado há um ano, o Bekka Studio – apelido de infância de Brenda – cria objetos decorativos que se propõem a mudar nossa visão do que é lixo. As embalagens dos produtos são revestidas com a mesma massa das caixas de ovos e de papelão. Elas são trituradas, ficam de molho e daí é extraída a polpa que dá forma às peças.

A relação de Brenda com resíduos vem do seu histórico com a moda. Formada na área, começou a carreira no ateliê de Naura Franco, famoso em Fortaleza pela moda noiva feita à mão. “Lá aprimorei minha relação com as manualidades já que bordava e manipulava tecidos.”

Só que Brenda queria o oposto do slow fashion. Seu sonho era trabalhar em uma grande fábrica e entender como a indústria girava. Deu certo! Foi fazer um curso em São Paulo, não passou muito tempo e veio o convite para trabalhar na C&A, onde ficou por anos. Em seguida mudou-se para o Rio Grande do Norte e foi para a Riachuelo. “Mas depois de um tempo veio o incômodo de ver toda aquela produção desenfreada, com 5 mil cópias de cada peça.”

Era hora de recalcular a rota. Namorando à distância desde a pandemia com um carioca, decidiu se mudar para o Rio de Janeiro em 2022 e se inscreveu na tradicional Escola de Artes Visuais do Parque Lage. Lá, se reconectou com a paixão que tinha pelo trabalho manual e pela arte – e surgiu o Bekka Studio.

Como na época do ateliê de noivas, Brenda trabalha sob encomenda. Cada peça leva de 2 a 3 semanas para ser entregue, já que ela faz sozinha e artesanalmente – mas com a ajuda de uma rede de amigos fornecedores de caixas de ovos e papelão.

Para a última edição da Dw! Semana de Design, desenvolveu também quadros decorativos. As peças foram um sucesso e Brenda decidiu incorporar ao portfólio da marca. A ideia é partir até para o mobiliário. “Estou com uma mesa em gestação”.

Já estamos curiosas!