Quando estava prestes a fazer 50 anos, em 2016, a mineira Claudia Lemos decidiu que queria passar o resto da vida perto do mar. É um desejo comum, mas Claudia executou o que muita gente só sonha. O lugar escolhido? Trancoso, que ela conhecia desde antes do hype, já que passava por lá as férias com a família durante a adolescência.

Artista plástica, Claudia experimentou diferentes plataformas e suportes ao longo da vida. Iniciou sua trajetória criando acessórios de papel que, mais tarde, transformaram-se em pequenas esculturas de arame que a projetaram na cena das artes, com mostras em Belo Horizonte, cidade natal, Goiânia, Salvador e Campinas.

Na virada do milênio, trocou a rigidez dos arames pela maleabilidade dos tecidos, e apaixonou-se pela técnica do patchwork. “A costura me ensinou muito: a desmanchar, refazer, colorir, montar e encaixar.” Mas tinha dificuldade em produzir no ritmo do varejo – certa vez demorou mais de um mês para finalizar uma colcha de patchwork feita com 600 pedaços de tecido.

Foi só quando se mudou para Trancoso que conseguiu conciliar arte e comércio com o lançamento de sua marca, a Algodoin. O visual paradisíaco a inspira a criar produtos para vestir a casa e o corpo, preferencialmente em algodão, linho e outras fibras naturais.

Na Algodoin, Claudia desenvolve artigos têxteis que podem ser confeccionados de forma rápida – pense em almofadas, toalhas de mesa, jogos americanos e até roupas. Desde que se mudou para a Bahia, os protagonistas dos produtos viraram os peixes e outros motivos marítimos.

O nome da marca parece até uma referência lógica ao uso do algodão, mas é mais do que isso. Claudia leu a palavra “algodoin” pela primeira vez em uma poesia de Manoel de Barros, em que ele conta que um mascate aparecia uma vez por mês para vender itens como bolachinhas, pentes e “peças de algodoin para fazer saia branca”.

Hoje, é a mineira que transforma o “algodoin” em itens especiais, feitos manualmente, um por um. Apesar de o peixe ser o protagonista das estampas da marca, Claudia prepara-se para lançar em breve uma coleção inspirada nos mangues, que seguirá o ritmo atual de produção: sob encomenda, porque não se apressa a arte!